Vou-te tatuar no pulso onde as veias se cortam mais fácil vou tatuar-te na carne que me deste vou-te prender na minha pele vou dar-te lugar em mim tu dirias que não e chamar-me-ias "trapalhona" ou abririas os olhos de espanto, esses olhos de ex-menino de colégio inglês, demasiado educado entre os homens que dizem asneiras. Porque tu não dizes asneiras.
Vou pedir que me encham os poros de tinta com o nome maior que tu tens que tu és que me encham este lugar vazio e pode ser que não me custe tanto
ter deixado
de
dizer
Pai.
Tenho o teu nome tatuado nos meus olhos. No meu coração. Nas minha mãos. No frio que é a minha vida. À minha volta. Hoje digo Pai e ninguém me responde. A palavra tornou-se quase um tabu. Cada vez que a oiço parece que uma parte de mim se encolhe. Porque eu já não tenho pai. Tive. Aliás,pai sempre terei, mas não da forma que eu quero. Vivo, a sorrir para mim, à minha espera, de uma longa viagem a esse Norte maldito. Pai, quantas vezes te chamei. E agora o nome é-me tão diferente. Mudou. Como tu mudaste. Para um outro mundo ou para lado nenhum.
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