quarta-feira, 5 de setembro de 2012
O mapa do coração
Quando tinha 18 e 19 depois 20 e 21 trabalhava um dos meses de Verão para juntar dinheiro e fazer uma festa de anos. Em Setembro, era Coimbra e era tê-los ali, tantos e tão bons, numa casa antiga, onde o quintal se enchia de vasos gigantes com sangria, onde a cerveja gelava em água do tanque, onde eu normalmente caía para o lado de cansaço e ainda batiam à porta para entrar. E entravam. A minha felicidade era essa: os muitos abraços, a minha gente feliz, podermos estar juntos, aqueles sorrisos, as conversas. Tínhamos absolutamente tudo. Nada me faltava. Aprendi a ser feliz também ali. Antes e depois, corri este país levada pela vida e ontem, aos 34, parece que todos esses caminhos decidiram desaguar em mim. De uma assentada. Como uma avalanche. Não sei explicar dizer o que se sente quando não se espera nada e de um momento para o outro o dia é um passaporte para a felicidade. Quando uma manhã qualquer, uma tarde, através de dezenas de corações a bater também por nós, nos sentimos pertença. E descobrimos que as nossas raízes se estendem por mil sítios e que carregamos tanto e tão bom dentro da alma. Ontem foi uma vida inteira e eu não sei como algum dia me pude esquecer de tudo isto. Da minha infância ao agora, todas as lições caíram aos meus pés, inundaram-me de certezas, transformaram-me. Não sei se é de mim se é da vida, mas se houve um dia que me mudou, esse dia foi ontem. Não esperava nada. E tive tudo. Obrigada.
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É lindo o teu blogue, há já algum tempo que não lia textos tão bem escritos.
ResponderEliminarMuitos parabéns. Vou passar a seguir :)
Catarina, muito obrigada. Vale muito saber disso.
Eliminar:) um beijo