sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Crescer

Do tanto que quis para ti, talvez só metade. Muitas linhas se entortaram. O que fiz certo tanto que fiz incerto outro que não sei. Não respondas isso. E essa pergunta não. Também te digo, às vezes, filho. Tens tempo para conhecer o âmago da dor. Dá-me tempo, a mim, para saber mais. Para te ensinar melhor. Não te conto tudo porque existem coisas que ainda te estão vedadas. Ainda bem. E porque sei que sabes mais do que aquilo que todos suspeitam. Eu sei, miúdo. Vieste de dentro de mim. Sei tudo de ti e mesmo que te ponhas a dançar como o Travolta no Pulp Fiction e mesmo que empregues palavras caras e complicadas para descrever coisas simples eu sei o que tu és aí por dentro. Vejo-te para lá da carne. E da piada. O meu amor por ti é esse amor não cego: tenho de te ver para te ajudar. Onde erras, dizer-to. É isso que as mães fazem também. Se tivesses as orelhas saídas, eu saberia. E, se fosse preciso, víamos disso. Quando chegasse o tempo. Se te nascer um sentimento torto, conta comigo também. Não conto com a tua perfeição, olha bem para mim, não te exigo nada a não ser a grandeza de seres o melhor que puderes ser. E para isso, o tanto que já te peço. Olha para mim de novo, que eu conheço esse feitio torto, não me vergues nessa força dos teus 5 anos, tens toda a força do mundo, acreditas em super-heróis. Olha bem para os meus olhos: amo-te para lá de tudo (já sei mãe, não revires os olhos), mas serei a primeira a perguntar-te porquê. Estamos conversados? (Então dá cá um abraço).

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