quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ser humano

De uma estranha maneira acabamos por fazer tudo bem. Caímos ali, estamos cheios de dúvidas, quebramos mas afinal não estamos quebrados. Descobrimos isso em conversas sem importãncia, percebemos que ensinámos o essencial, que afinal fizemos tudo bem, que todo o propósito foi certo. Sabemos disso quando nos dizem que o menino é o melhor amigo do outro menino que nunca tinha tido um amigo. Percebemos isso quando o menino não tem medo dos esfarrapados, dos loucos, dos que usam chinelos no Inverno. A eles se chega o menino, porque viu, porque sabe, que entre nós e os outros há tanto mais do que roupa e cabelo e regras e ordens.
O meu menino é dos sorrisos. O meu menino é das carícias. O meu menino acha que o louco da nossa rua é o Pai Natal (dá-lhe carrinhos, usa uma barba comprida, suja e branca, claro que é o Pai Natal).
O meu menino fica chateado com quem refila comigo. Mas perdoa. Sempre. Somos uma equipa, um exército inteiro. Somos da pele sensível, somos do colo e da preguiça. Do vento e da terra.
O meu menino,que desenha sempre o pai e a mãe e ele próprio num papel, o meu menino que nunca viveu a três, aprendeu isto: que a nossa casa é onde está o nosso amor. Que uma folha branca é o coração e não o espaço.
A querer e sem querer, fazemos tudo bem. E, por muito tempo, eu não vou pedir mais nada.

2 comentários:

  1. Esse ser humano... verdade ou consequência?... Uma consequência da verdade que lhe ensinaste com o coração nas mãos. Estava tudo certo, vês agora?...
    Sei o que é ser mãe :)

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