quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Exagero

Um dia destes fico igual. E não quero saber. Vou encolher os ombros e escrever uns textos. A ver se passa. Quero ver como é que fica tudo isto, sem plateia. Um dia destes levanto-me da cadeira e deixo que falem sozinhos. Mais: vou dizer ainda pior e olhar apenas o lado negro de tudo o que aconteceu. Um dia passo-me para o lado de lá. Quero ver como é que fica. Um dia deixo de fingir que injustiça não é isto deixo estar o cafezinho e fico amarga. Acrescento: escrevo num papel, ergo uma bandeira, entalho em madeira os adjectivos maus, as lembranças tortas. Um dia destes cuspo no prato que comi, mergulho no lado do lodo e chispo. Um dia destes componho uma canção que diga tudo e os vizinhos virão perguntar quem gritou. A ver como é que é. Um dia destes digo que não tenho paciência que é tudo uma chatice entorno os sentimentos nos copos de tasca e estilhaço os de cristal. Um dia destes fico cega sem óculos graduados que me valham passo ao largo na rua esqueço o nome da lista telefónica. Avanço: pisco os olhos muitas vezes e digo que não sei quem é. Um dia destes dou uma de gigante com as minhas pernas com luzes a piscar até que desapareça. Um dia destes calo-me e escrevo sobre a crise. Ou faço franja.

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