segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

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O que é que eu lhe digo? O que é que eu lhe digo que não seja mentira se é tudo mentira? Digo-lhe isto que sei que vai ser sempre a doer o que é que eu lhe digo a ela à minha amiga à minha irmã como é que lhe explico que vai doer, que não percebo nada que continuo à toa? Falo-lhe daquelas saudades que nos acordam a meio da noite, falo-lhe disso? O que é que lhe digo, hoje, que o amor dela morreu?
Quero falar-lhe do início lembras-te eu sei que te lembras. Quero falar-lhe da praça e da casa com muitos quartos quero contar-lhe dos cães e do café do Zé. Quero encontrar-me com os dois à entrada do bar quero dizer-lhe a ele que me fazia rir que me fazia rir que sempre me fez rir. Principalmente quando só queria chorar. Quero dizer-lhe obrigada por tanta coisa por ter sido livre. Por ter morrido livre. Quero dizer isto ao amor da vida da minha amiga. Quero que me diga, ele, como é que fazemos agora. O que é que eu lhe digo? Tu, que sabias sempre o que dizer, volta cá, diz-me ao ouvido o que é que eu lhe digo?
E se eu lhe falar da casa de baixo? Na altura do meu menino ainda na barriga? Se eu lhe falar do meu coração a bater a doer a explodir a ser culpa a pedir perdão. No dia do acidente. Se eu lhe falar de quando tudo podia ser. Quando hoje já nada pode ser.
O que é que eu lhe digo sobre a verdade da morte que não entendo, que leva sempre os que sabem o que dizer quando nos dói tudo assim? O que é que eu lhe digo?

2 comentários:

  1. Diz-lhe que o Amor não é para sempre, mas eterno até ao fim do mundo em que não vemos mas podemos sentir, sempre e para sempre, muito junto. Diz-lhe que acredite que é mesmo assim. Porque é, mesmo que doa uma vida por tudo quanto de momento não se vê.

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