quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Uma pedra
Não foi por causa do Vitorino e foi ele quem a trouxe à luz. A frase: "Eu hei-de amar uma pedra", que é o nome do livro do Lobo Antunes. Desde que a li repito-a tantas vezes dentro da minha cabeça, é como uma ladaínha, é mais uma força. Uma certeza, se calhar. Uma bengala. Repito e é como se soubesse, e não sei porquê. Segura-me e não tenho parado para pensar porquê. Não interessa. Eu hei-de amar uma pedra porque as pedras não saem do sítio, só se as trouxermos connosco. Uma pedra é duradora, só se desfaz depois de séculos e ainda assim é uma pedra e até ser pó sobreviverá a mil tempestades. Eu hei-de amar uma pedra porque a pedra que não tem raízes, está presa ao chão por uma força. Eu hei-de amar uma pedra redonda e pesada, lisa à superfície e esburacada no interior, porque as pedras têm buracos mas são firmes e sólidas, continuam, mesmo depois de tudo. Eu hei-de amar uma pedra eu hei-de amar uma pedra. Uma pedra como eu.
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