Se pudesse alargava a minha casa. Como não posso, mudo os móveis. E mudo o quarto do miúdo vezes sem conta, presenteio-o com quartos "novos" todos os meses. Mudo o sítio da biblioteca que é uma estante com muitos livros. Disponho os carrinhos em jeito de loja, penduro coisas na parede, tiro outras. Suspiro. O quarto é tão pequeno... tenho de fazê-lo parecer gigante. E eu, que não peso nada, que mal posso com os braços, uso o corpo inteiro e invoco a cama e ela fica de pé e viro-a e encosto à parede coisas pesadas e espero sempre que nada se atire a mim. Que o quarto não me caia em cima.
Ontem caiu.
Nos segundos que são o tempo entre a mão dezenas de vezes na cabeça e perante os meus olhos, enquanto espero que o sangue escorra, ou não, e que a dor ganhe voz, enquanto decido se choro ou se ligo ao 112, um único pensamento.
Não posso morrer.
Sobretudo não posso morrer enquanto lhe arrumo o quarto.
Dói-me a cabeça, tanto, mas ontem doeu-me ainda mais o coração.
:( fiquei aflita a ler este post... até se me apertou o coração...
ResponderEliminarAnita,
ResponderEliminarEstá tudo bem, obrigada!
Eu fico sempre estupefacta com os comentários, fico sempre imensemente grata. Porque a minha vida faz parte da vossa. Quanta, mas quanta generosidade...
De coração, espero mesmo que esteja bem.
ResponderEliminarBeijinho*