sábado, 26 de outubro de 2013

Tudo bem

já me partiste o coração como se partiu o vidro do carro puff pedaços minúsculos de vidro a explodirem na minha cara estupidamente eu sem perceber a roupa o volante o banco as botas tantos vidros até dentro do peito o horror que não é ainda dor (demora mais a perceber-se). Por isso é que agora que tudo se tem vindo a partir com ainda maior frequência eu fico apenas rendida e aceito. Aceito que o tecto desabe. Aceito que tudo seja silêncio. Aceito que não sejas só tu. Nem eu. Fecho os olhos é como se soubesse que depois deste vidro deste tecto deste carro deste dia desta ausência destas palavras deste muro e deste buraco deste deserto aceito que nada seja melhor outra vez. Aceito sem me lamentar já sem ir viver de outra maneira a esbracejar a espernear tantos coices que eu dei e nada. Aceito que é o que fazemos depois do fim.

Sem comentários:

Enviar um comentário