quarta-feira, 11 de julho de 2012

Lição

Amanhã é já amanhã a minha rua vai ser um Carnaval. Dançarei com eles. Os sorrisos que me encontrarem na rua serão mesmo sorrisos e não a prova de que o mundo continuou (que o mundo continuou!). Continuarei com ele. Comerei cerejas e não aquilo que sabe a cerejas mas que o meu coração não consegue reconhecer. Quero cerejas no meu coração. Não que esqueça. Não que não guarde no peito. Não que me lembre como do sangue depois do corte. Eu sei. Saberei. Mas será terno e doce. Uma coisa que afago e não uma coisa de que fujo ou a que me atiro com todo o estrondo. E estrago. Algo de que me admiro. Que é bonito e não o pior retrato dos homens e das mulheres. Do horror que todos temos. Quero olhar para o horror e seguir em frente. Dizer-lhe adeus até com uma certa candura, que todo ele nasceu do desconhecimento. Um erro persistente pode ser uma lição nunca aprendida. Sim. Amanhã eu lavarei a loiça não como um condenado à forca mas como quem está só a lavar a loiça. Quero saber de tudo debaixo do chuveiro e olhar de frente para o espelho. Não fugir do espelho para que ele não me devolva a verdade. Que seja verdade. Mas que não seja tristeza. Amanhã é já amanhã vou contar os vestidos fazer contas aos textos e continuar aqui mas mais para o lado. Sabes? Como quem espera da melhor maneira que existe. Da única que deveria ser autorizada: esperar enquanto dança. Levar isto a dançar, nunca em círculos. Andar para a frente com o coração carregado de histórias e da mesma história contada de outras maneiras. Guardar no peito guardar no peito e dançar.

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