Eu já escrevi por dinheiro. Eu escrevo por dinheiro. As minhas palavras são prostitutas, mas são prostitutas felizes. Acontece que quendo escrevo por dinheiro, não amo, mas pode acontecer apaixonar-mne. A mim, e a outros como eu, já nos pagaram para nos apaixonarmos. Às vezes olhamos para a página em branco e não nos apetece ser pagos. Apetece dizer outra coisa. Mas então debaixo da língua surge-nes um doce veneno, amargo também, mas sobretudo picante. É realmente como dizem, como a veia a pulsar, e começando já não existe nada a segurar a mão. O texto já estava escrito. O texto acontece-nos. Por isso é que às vezes tantas gralhas. Um teclado, um alfabeto, é tão limitador.
E isto é tudo tão verdade que nem é preciso dizer mais nada.
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