domingo, 19 de janeiro de 2014

Domingo

Quando eu ando as minhas pernas têm muitos anos em todas as esquinas a desilusão. O miúdo olha as estrelas e pedimos os dois coisas impossíveis IMPOSSÍVEIS não doer tanto, ser tudo quando tudo podia ser ou então não saber de nada. "Aguenta", diz a criança. Com as pernas como mundos ingratos os olhos como rios de lodo as nódoas negras nas estradas e no meu sofá. Queria entender a razão de ser das coisas porque uns assim são e outros não, é como não entender a morte de inocentes. Ontem hoje ontem amanhã sempre uma tatuagem eterna. A comida desce como se não entendesse também ainda assim lavei a loiça e isso sabem lá é uma vitória do outro lado não sei. Deste lado, na minha rua, a minha ingenuidade é uma bandeira rasgada é por isso que pintei o cabelo de negro. Lembra-me de quando eu acreditava em cabelo negro em coisas bonitas quando o mundo parecia quase perfeito e eu nele tinha um lugar. Desculpem pessoas, como tu, doce M., que já me levaste ao colo nesta história, nas minhas palavras nas minhas ausências. Sabem lá, eu não sei dizer, não quero contar para não ser apenas mais uma história. Esta é a minha história. Feia e vulgar bela e gigante como todas as de palácio e as de casebre. Mas eu não fiz batota. Eu nunca fiz batota. Foi por isso que perdi?

3 comentários:

  1. Não sei se sou eu. Mas sinto a tua falta. Mas sei da tua alma. Vim ver-te. Só te quero bem. Não digas nada. Não precisas. Vim ler-te. Está tudo bem.

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    1. É quando eu penso que ninguém sabe ou imagina, no exacto momento em que o buraco se abre, que recebo uma mensagem tua. E, para quem, como eu, acha que já não acredita, isso vale tudo. Tu sabes. Vai ficar tudo bem, não vai?

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