segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Imperfeitos como eu
Os meus amigos são os pecadores de alma tão limpa quanto a verdade. Têm muitas crenças: em deuses com nome, em substâncias, neles mesmos ou em coisa nenhuma. São todos maus e por isso são todos bons. Os meus amigos ligam às tantas da noite e fizeram asneira e então rimos e eu digo deixa estar eu sou pior e eles respondem não eu é que sou e então rimos e ficamos aliviados por sermos todos iguais. Os meus amigos acreditam em coisas parvas como eu, riem-se de piadas negras, guardam borboletas em frascos, escrevem tão bem, cantam tão bem, pintam tão bem, amam tão bem. Quando fazem tudo mal, quando faço tudo mal, encontramo-nos e dizemos coisas como para a próxima vai ser melhor e naquela mesa sem julgamentos somos os melhores amigos de sempre e vamos ser para sempre assim: amigos inquebráveis de juramentos sem livro ou mão no peito. Os meus amigos nunca são ex-amigos. Isso não existe. Não há traição. Os que entretanto se perderam estão apenas a encontrar um outro caminho. Um dia destes ligam e dizem não valho nada e eu digo não valho nada e rimos de novo e ficamos descansados por sermos todos iguais. Os meus amigos não usam máscaras perguntam pelo miúdo com sinceridade quando não perguntam é porque não lhes apetece. E eu gosto disto, destes meus amigos tão puros como a fé tão turvos como um rio. Tão meus. Imperfeitos, nessa medida perfeita de amar alguém.
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