segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Sortuda

A sorte que eu tenho é achar que tenho sorte. Não há segredo. Nem tenho sorte nenhuma e, no entanto, tenho toda a sorte do mundo. A sorte dos teus olhos serem verdes verdes e saltarem para dentro do meu peito toda essa meiguice que não há igual. Não há igual meu pequeno. Há quem fale em estrela "a estrela que tu tens". Qual estrela? A sorte que eu tenho é acreditar em estrelas em coisas que "pum" vão e acontecem, em clarabóias quando, na verdade, é só uma telha de vidro. A sorte que eu tenho é um palhaço pobre mas é inteiro, uma bailarina de uma perna, um sorriso sem um dente. Mas é uma sorte danada. Então toda esta sorte invisível e inexistente de tanto não ser, é. "Joga, que tens sorte" e depois não percebem porque não jogo. A sorte que eu tenho está cá dentro, é o que me faz abrir os olhos pela manhã e acreditar em poesia, não ter medo, vestir roupa esquisita. É uma ingenuidade e é por isso que eu tenho toda a sorte do mundo e uma estrela.

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