segunda-feira, 28 de maio de 2012
Ainda não sei
Não devia ser assim. Tu disseste que não ia ser assim. Tínhamos um pacto. De todos, eras tu quem me diria. Passaram três anos Pai e foste de vez. Queria falar em sinais, dizer que me vieste visitar em todos os sonhos, que rimos e cantámos. Que sinto o teu cheiro, que sei coisas que não conto. Mentira. Foste de vez. E eu tenho coisas para te explicar. Eu e a minha doida esperança.
Há três anos, por esta hora, o meu estômago o meu coração os meus braços, tudo embrulhado naquela viagem, o calor, o estúpido do céu azul, as estúpidas das pessoas com medo na voz. EU NÃO TINHA MEDO. Estava a fazer pactos, a conversar com Deus e com o Diabo, a prometer coisas.
Pouparam-nos. Quiseram poupar-nos e eu imaginava que estavas mal, mas que ainda havia tempo.
Não houve tempo nenhum.
Qual beleza? Foste de vez.
Nunca mais te vi.
E continuo à tua espera.
Pai. Porquê? Ainda não sei.
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