domingo, 22 de abril de 2012
Domingo de danos
Não gosto de Domingos. Ninguém me ensinou a gostar de Domingos e eu não o aprendi a fazer sozinha. Não gosto de passear aos Domingos, não gosto de restaurantes aos Domingos, não gosto dos filmes de Domingo, não há nada que eu goste nos Domingos.
Aos Domingos tudo fica mais pequeno. O som dos sinos da igreja entristece-me, espero não morrer a uma sexta-feira, não há nada mais deprimente do que enterrar alguém ao Domingo. A semana devia começar ao Domingo. Gosto de sextas e de sábados. Até gosto de quintas, mas os Domingos plantam-me um salgueiro-chorão no peito. Aos Domingos não há sorriso ou energia que resistam. Dizem que é dia de descanso, mas é quando tudo o que é triste se agiganta. Ñada me descansa, tudo me atormenta.
Domingo é a ressaca. Ao Domingo toda a gente se vai embora. Domingo são as despedidas, Domingo é a cama vazia de novo, Domingo é a verdade. Ao Domingo, lembro-me, chegávamos todos à cidade e à medida que o rio se aproximava da janela do comboio, aos poucos a segunda-feira ia surgindo, e tudo parecia melhor. Mas, para trás, tinha ficado todo o horror da despedida, a mala feita à pressa, alguém que não se queria despedir. Na partida, querendo ir, deixei sempre alguém de coração destroçado, à espera de uma sexta. A fugir de um Domingo. Não gosto. Nunca me ensinaram. Nunca aprendi.
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Acho que não o senti sempre assim... mas é verdade, pelo menos hoje é verdade. É Domingo e estou de coração pequenino. E só me apetece fugir... mas não sei para onde nem de quê. Acho que é só esperar que passe...
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