quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Não

Não me convidem para almoçar. A minha gente anda triste e não me apetece falar sobre isso. Não me discursem sobre o que está na moda, os folhos que voltaram em força e que o amarelo anda a encher as montras. Sinto-me capaz de esbofetear alguém. Não se sentem comigo à mesa de cafés, que a minha gente está perdida e eu não tenho pachorra para fingir que basta ter fé. É que me ensinaram tudo mal. Não me ponham uma toalha branca à frente com doces de ternura que nestes dias há pouco que me comova. A minha gente está a ficar com rugas antes dos sorrisos. Para onde quer que olhe, os meus amigos estão cansados. Pior: rendidos. Não me contem da dieta, do amante, da professora, da colega irritante. Quero lá saber. A minha gente murcha no metro, é insultada no emprego, sente-se sugada pela ineficácia. Estou com a minha gente, não convosco.

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