domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tanto

Podia ser quando dizes amo-te que não és de dizer assim como se dizia antes amo-te neste brinde amo-te boa noite vou dormir amo-te obrigada pela roupa que apanhaste da corda. Que tudo isto é amor mas o amo-te, em nós, vem carregado de passado. Do bom. do mau. Do doloroso. Do impossível. Não. Não é quando o dizes. É no momento em que me baixo no supermercado e escolho os bolos para logo à noite. Quando a paz desce em nós no dia-a-dia, quando a aparente normalidade do que poderíamos ser não fosse todo o peso que criámos. É aí: quando desço o corpo, agarro a caixa de bolos e me apanhas num abraço e me beijas o ombro, ou a face. Quando precisas disso. E, apesar de tudo, tenho de dizê-lo, ainda, apesar de tudo, eu sorrio, um sorriso que não tem nada de vitória ou gratidão, zero de lisonja ou meninine, é um sorriso todo ele crença e verdade. A que eu vi. Antes de tudo. Antes de nós. É o que somos no âmago. Apenas isto: amor.

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