O meu amigo diz-me que é preciso esperar que a tempestade passe. O meu amigo é mais um daqueles que podia morar na casa das pessoas infelizes, ele, que é feliz e não sabe. Somos todos. Esse meu amigo que é tão infeliz (diz ele) ao ponto de ter um sorriso que se torce todo porque não quer sorrir que tem assim um coração valente, mas disfarça sempre, esse meu amigo cheio de fugas e manias que lê muito e que escreve e que me faz rir. Faz-me rir tanto. Nesta jangada, já somos dois, ó tu que esperas que a tempestade passe.
Enquanto o vento me abana seguro-me a esta gente que espera igualmente. Faço como os velhinhos: alimento-me das memórias. Podem tirar-nos tudo, menos aquilo que já vivemos.
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