segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Tarde

Disseste que era como as feridas que demoram mais tempo a sarar (alguém aqui comenta que ela ficou mais magra e eu gostava de desaparecer para debaixo de uma manta às vezes não consigo fingir nem um bocadinho) e eu não sei se é porque agora tenho 35 ou só porque antes tinha tempo. Preciso de tempo para saber. Não nos podem morrer amores ou sonhos e continuarmos a ouvir o despertador. Não podemos. Eu preciso de tempo e não tenho tempo algum. Dizem-me que não, dizem vai continua, mas é urgente parar ainda que mais nada pare. Sinto-me tantas vezes no meio da rua como se o ruído do mundo fosse a turbina de um avião e continuar a dizer bom dia e boa tarde ter de apertar as botas e usar um vestido (agora tenho de pensar no jantar e não posso, tenho outras coisas para fazer como ficar sossegada a perceber). Preciso de tempo para saber das coisas, tempo sem relógio ordem confusão noite e dia roupa lá fora segunda e sábado Natal e aniversários estou farta de calendários. Chega (e o miúdo sai às quatro). Porra.

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