quinta-feira, 28 de março de 2013
Fogo
Quem tem um fogo no peito, tem sempre um fogo no peito. É a criança que se atira da árvore e que cai em cima das urtigas e, ainda assim, volta a subir à árvore, na esperança de que dessa vez arda menos. É o velho que usa laço para ir à mercearia e que dança mais devagar, mas dança. O fogo de que somos feitos não se extingue. Nascemos com ele, morreremos com ele. Temos pena, é certo. Todos os desamores. Tantos poemas. E mesmo quando se acabam as juras, sentamo-nos ao lado e estarmos ali é um compromisso de honra. Quem arde, arde sempre. Na fúria e no amor. Faz parte. Quando decidiram que iríamos ter cabelo louro e olhos verdes, quando as células se multiplicaram e os genes ditaram os dedos dos pés e o sorriso de esguelha, ditaram-nos também esse fogo que uns chamam Inferno e outros compreendem. Os que ardem, ardem sempre. Resta esperar. Ou não. Viver em fogo afasta-nos das sombras.
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